Mudar ou Preservar?

Quem não muda, fica para trás, diz o senso comum. Para muitos, mudar é percebido como evoluir, como se fossem sinônimos. A cultura hegemônica valoriza a velocidade, as transformações tecnológicas, o ritmo acelerado de vida e as mudanças contínuas. Tudo parece descartável e muito mais transitório do que já foi um dia. Casamentos são projetados para durarem apenas algum tempo, até a primeira crise. O profissional, ao ingressar em uma empresa, projeta ficar até 2 anos, não mais do que isso. A empresa é recíproca e também o percebe como alguém que será brevemente substituído. Nada de maiores vínculos emocionais, de parte a parte. Vestir a camisa da empresa saiu de moda e mesmo quem está na direção, muitas vezes também está de passagem. Como consumidores, vale a experimentação, parecendo cada vez mais utópica a chamada fidelidade às marcas. O inverso também acontece. Parece que as empresas se preocupam mais com os clientes do vizinho (concorrente) do que com aqueles que já estão em casa. Em relação ao tempo, valorizamos o curto prazo, o momento presente. O passado perde a importância e o futuro é cada vez mais incerto.

Mas, será isto mesmo? Seria esta uma tendência? Ou ao contrário, o extremismo e a frustração nos levarão a redescobrir valor nas coisas duradouras, consistentes? Um de nossos clientes, o Jornal Gazeta do Povo, possui um programa para os seus assinantes que foi desenvolvido sob o tema “Tempo é Valor”. Ao contrário do que é mais comum na indústria dos jornais e de revistas, os assinantes com maior tempo de assinatura têm vantagens e vão acumulando benefícios a cada mês que permanecem na carteira. Outras ações buscam fazer com que eles se sintam especiais. Logicamente, há outras iniciativas com este discurso, mas como essência, não são a maioria.

Pessoalmente, não sou de me entusiasmar por modismos de qualquer espécie. Como pessoa, profissional ou consumidor, prefiro sempre as relações duradouras, onde prevalece a confiança. Minha experiência diz que as vantagens são muitas. Mudar é bom. Há coisas que precisam mudar. Mas preservar pode ser ainda melhor. Na vida e nos negócios.

(Junho, 2011)