O marketing do meio de campo

Como se sabe, teoria e prática nunca são a mesma coisa. É assim na vida e é assim no marketing. É rico o material teórico existente sobre o marketing, incluindo conceitos, estratégias, ferramentas, estudos de casos e outros, feitos por alguns dos maiores gurus do mundo dos negócios. Sua abrangência também é grande, embora imprecisa, uma vez que quase todas as atividades de uma empresa poderiam ser enquadradas no guarda-chuva do marketing, entendendo que toda empresa (e toda a empresa) está inserida em um meio (podemos chamar de mercado) e com ele interage continuamente. Também as percepções diferem, mesmo entre os profissionais da área. Há os que valorizam os aspectos da comunicação e enxergam que isto é marketing. Há os que entendem que marketing na essência é a estratégia. Outros se concentram nos 4ps (produto, preço, promoção e ponto de venda). Há o marketing pessoal, o marketing social, o marketing digital, o marketing esportivo e tantos outros. Todos tem o seu charme e os seus seguidores. Há, no entanto, uma parte na cadeia, alocada nos departamentos de marketing, que não costuma ser tão glamorosa, mas que faz toda a diferença, principalmente para o sucesso do time (empresa). Se fosse no futebol ela seria um meia armador, um antigo camisa 8, o que faz o lançamento, distribui o jogo e volta para marcar. Uma espécie de Gerson, o canhotinha da Copa de 70. Costuma estar no meio de campo, imprensado entre clientes internos, fornecedores, orçamentos e o desafio de mensurar resultados e justificar novos investimentos. É uma atividade que exige qualificações das mais diversas, dentre elas, muito jogo de cintura, saber defender as suas idéias e espírito de servir, uma das importantes características de qualquer profissional. As teorias de marketing falam pouco sobre esta função do marketing, a de prestador de serviços. Isto dificulta que o próprio profissional compreenda o seu papel, assim como a sua importância. Em algumas empresas, o departamento recebe o nome de Serviços de Marketing, o que não agrada a alguns, mas que traduz o que se espera dele. Falta ainda, todos nós do mundo corporativo, absorvermos o princípio de que servir é bom e enriquecedor. É assim na vida e é assim no marketing.

 (Maio, 2011)