Reconhecimento e coisas que continuam importantes

A equipe de logística da Gazeta do Povo está comemorando um prêmio recebido da Revista Tecnologística, especializada no setor, por um projeto de rastreamento de suas entregas. Ao longo de sua história, o jornal tem recebido diferentes prêmios nas áreas de jornalismo e de publicidade,  mas me parece que não é tão comum (não sei se houve outras), premiações em áreas como  a de logística ou industrial. Nos tempos atuais, é comum referir-se ao core business de um jornal como sendo o conteúdo jornalístico, que garante o conceito, credibilidade e audiência e a publicidade, responsável por cerca de 2/3 da receita de um jornal com o perfil da Gazeta do Povo.  Esta visão de core business é correta, mas incompleta. É correta, se considerarmos que o jornal não pode ser definido apenas pela sua versão impressa. Nos novos tempos, é evidente que um jornal não se restringe ao papel, e que a sua marca e personalidade podem e devem estar em diferentes  plataformas como a internet, tablets, mobiles, eventos presenciais e em outras tecnologias que não deixam de surgir a cada dia. Estar em todas elas, sendo a mesma “pessoa”, com a mesma qualidade e compromissos,  de forma  economicamente sustentável é um grande desafio para qualquer jornal. No entanto, a definição acima é incompleta, se considerarmos alguns outros fatores. Costumo defender a ideia de que o business de um jornal além de conteúdo (news, serviço e entretenimento) é constituído fortemente pelo relacionamento com os seus leitores, mais do que costuma ser a maioria dos outros negócios. É uma relação estabelecida pela confiança, que frequentemente perdura por anos, acompanhando o leitor no dia a dia e em seus diversos estágios de vida.  Sendo todas as plataformas importantes, ainda é no formato impresso que esta relação é mais intensa. No cotidiano, existe o horário de receber e de ler o “seu jornal”. Se falta ou se atrasa, o dia não será mais o mesmo. Com os classificados, a relação se reforça ainda mais. O primeiro emprego, a compra do carro, a aprovação no vestibular, a casa onde mora. São histórias humanas, que vão além das que estão nas páginas dos jornais. Tudo isto só é possível porque existe um importante processo de empacotamento de notícias e de anúncios (processo industrial) e de distribuição (processo logístico). No passado, eles constituíam barreiras de entradas a novos concorrentes, sendo um diferencial competitivo importante. Isto fazia com que os donos de jornais dedicassem a estas áreas uma boa dose de atenção. Hoje, os desafios podem ser outros, mas produzir e distribuir (inclusive digitalmente), ainda fazem parte do core business do negócio. É através deles que se materializa o tal relacionamento com  o leitor. No aspecto competitivo, a disputa ocorre através de inteligência e tecnologia. Uma antes da outra. Como um tipo de inteligência, pode-se incluir: iniciativa, vontade de fazer diferente e ser capaz de auto-motivação, mesmo quando o reconhecimento tarda em se manifestar. No caso da equipe da Operações da Gazeta do Povo, o reconhecimento não falhou. É sempre bom ter um bom trabalho reconhecido. Serve também para lembrar que certas coisas continuam sendo importantes.

(Setembro, 2011)